Em meio às manifestações que eclodiram hoje em todo país, uma denúncia chocante veio à tona, revelada por Vicente Seiva. A acusação expõe que muitos dos agentes de segurança que estão abrindo fogo contra civis nas ruas da capital moçambicana subornaram superiores para evitar o envio a Cabo Delgado, onde enfrentariam grupos terroristas armados.
Segundo Seiva, esses agentes, ao invés de serem enviados ao "Teatro Operacional Norte" – o principal palco de combate contra o terrorismo em Moçambique –, optaram por corromper comandantes e generais para permanecer longe do campo de batalha. Para garantir sua permanência em zonas seguras, os acusados teriam recorrido a agiotas, assumindo dívidas para pagar os subornos necessários. Assim, evitam enfrentar o verdadeiro terrorismo, preferindo reprimir manifestações populares em áreas urbanas onde o risco é relativamente menor.
Suborno e Fraqueza
A denúncia toca em pontos sensíveis da sociedade moçambicana: a corrupção e a questão da segurança nacional. Seiva descreve os envolvidos como "covardes", que em situações de combate corpo a corpo, falham em cumprir o dever patriótico. Em vez de defenderem o país contra a insurgência que há anos aterroriza Cabo Delgado, optam por utilizar seus esforços para manter a ordem contra civis desarmados.
Este comportamento repulsivo compromete diretamente a segurança de Moçambique, enfraquecendo a resposta militar em uma das áreas mais vulneráveis e afetadas pelo terrorismo. Cabo Delgado tem sido palco de violência brutal desde 2017, com milhares de mortes e deslocados, enquanto as Forças de Defesa e Segurança (FDS) lutam para controlar a insurgência.
Uma Prioridade Nacional Ignorada
A recusa desses agentes em enfrentar o terrorismo reflete a corrupção dentro das forças de segurança e levanta sérias questões sobre a integridade de alguns elementos da estrutura militar. A luta contra o terrorismo em Cabo Delgado não é apenas uma questão de segurança local; é uma questão de segurança nacional. Ao subornar seus superiores, esses agentes comprometem a eficácia das operações militares e a segurança do povo moçambicano.
O suborno para evitar missões em áreas de conflito coloca em risco a confiança que a população deposita nas forças armadas e policiais. Ao invés de se dedicarem ao combate armado, onde a coragem é necessária, eles recorrem a práticas ilegais para escapar do dever, voltando-se contra os cidadãos que deveriam proteger.
O Verdadeiro Inimigo
Enquanto isso, em Cabo Delgado, civis enfrentam o verdadeiro inimigo: grupos armados que espalham terror, destruição e morte. A ausência de efetivos militares suficientes enfraquece a capacidade de resposta das FDS e perpetua o ciclo de violência. A prioridade deveria ser combater os terroristas com "arma contra arma", em vez de recorrer à força letal contra cidadãos nas ruas de Maputo.
É imperativo que o governo moçambicano tome medidas severas contra esses agentes corruptos e reforce a transparência e a disciplina nas fileiras das forças de segurança. Combater o terrorismo em Cabo Delgado exige um compromisso inabalável de todos, especialmente daqueles encarregados de proteger o país. Subornar para evitar essa responsabilidade é não apenas uma traição ao dever, mas uma ameaça à estabilidade e à segurança de Moçambique como um todo.
O foco deve estar no enfrentamento da verdadeira ameaça que devasta Cabo Delgado, fortalecendo as forças de segurança e garantindo que os soldados moçambicanos se empenhem onde são mais necessários: no combate ao terrorismo.
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