No distrito de Chibuto, na província de Gaza, surgem acusações graves sobre a manipulação e intimidação no processo eleitoral, com nomes de figuras locais ligadas à FRELIMO sendo apontados como protagonistas de ações fraudulentas e de intimidação. Entre os acusados, estão Henriques Machava, presidente do município de Chibuto, e Thembane Chavisse, diretor distrital do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral).
Segundo as denúncias, Henriques Machava, eleito em um processo eleitoral questionado no ano passado, é apontado como o autor de supostos esquemas de manipulação, pagamento de Mesas de Mesa de Voto (MMVs) e delegados com 2.000 meticais, com registros de prova circulando nas redes sociais. Machava, também acusado de ter envolvimento na morte do ativista Anastácio Constâncio Matavel em Xai-Xai, teria ligações com a política local e teria apoio da presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo. Ele é descrito como um dos responsáveis pela instalação de um clima de intimidação em Chibuto, onde, segundo relatos, as pessoas temem questionar os resultados eleitorais devido a sua influência e poder na região.
Thembane Chavisse, diretor do STAE em Chibuto e filho de Filipe Chavisse, primeiro secretário da FRELIMO no distrito, é acusado de colaborar com o pai na criação de um suposto esquema de fraude eleitoral. Segundo os relatos, o distrito foi constituído por 266 mesas, das quais 135 seriam "mesas fantasmas" usadas para manipular os resultados. A denúncia indica ainda que Thembane teria distribuído dinheiro aos presidentes das MMVs, com a ajuda de funcionários de confiança do STAE, como Fenias Thovela, funcionário do município e membro da Assembleia Municipal de Chibuto.
A manipulação seria reforçada pela criação de "eleitores fantasmas" para inflar os números, em um esforço de manter o controle político na região. Os números de telefone de alguns dos acusados foram divulgados, acompanhados de apelos para que a população compartilhe essas informações e se una contra o que é descrito como "ameaça à democracia".
Essas acusações se somam a um contexto de crescente questionamento da transparência do processo eleitoral em Moçambique. As autoridades moçambicanas ainda não se pronunciaram oficialmente sobre as denúncias, mas a pressão da sociedade civil e dos cidadãos tem aumentado em busca de maior transparência e justiça no processo eleitoral.