“Juventude, vender crédito é mais digno do que confrontar o Estado”, diz Gil Anibal sobre manifestações em Maputo


Maputo, Moçambique – O político moçambicano e candidato à Assembleia da República pela FRELIMO, Gil Anibal, fez declarações polêmicas sobre os protestos que têm tomado as ruas de Maputo, especialmente nas zonas de Maxaquene e Polana Caniço. Em meio à onda de manifestações contra os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, que muitos consideram fraudulentas, Anibal criticou duramente os manifestantes e questionou a ausência dos organizadores e líderes dos movimentos políticos.

Onde estão os organizadores?” questionou Anibal. Ele sugeriu que esses líderes estariam “acomodados, assistindo aos protestos pelas redes sociais enquanto comem pipocas com os seus filhos”, insinuando que incitam os jovens ao confronto, mas evitam se expor aos riscos das manifestações. Entretanto, manifestantes alegam que é mais seguro para o organizador dos protestos estar fora do país ao invés de participar directamente, para preserver a sua vida, do “esquadrão da morte” (assassinos usados pra silenciar opositores).

Em suas declarações, Gil Anibal classificou como insensato o fato de jovens colocarem suas vidas em risco ao confrontarem o Estado, sugerindo que vender créditos telefônicos, uma atividade comum entre a juventude moçambicana, seria mais louvável do que participar de manifestações potencialmente violentas.

Juventude, vender crédito é mais louvável do que perder a vida tentando confrontar os poderes do Estado”, afirmou. A fala gerou reações mistas, com alguns apoiando a crítica, enquanto outros acusam Anibal de minimizar as insatisfações populares e de desprezar a importância da juventude no processo democrático do país.

Anibal também se posicionou contra o que chamou de transformação das manifestações pacíficas em atos de vandalismo. Ele mencionou que o bloqueio de vias, a queima de pneus e a intimidação a outros cidadãos são "atos que consubstanciam violência" contra o Estado e a sociedade, distorcendo o sentido original de protesto pacífico. Essas declarações, no entanto, renderam-lhe críticas de opositores e de internautas, que o rotularam como “lambebota” — um termo pejorativo usado em Moçambique para se referir a alguém considerado submisso ou alinhado cegamente aos interesses do poder político estabelecido.

As declarações de Gil Anibal refletem a posição da FRELIMO de repúdio à violência nas manifestações e a defesa da ordem pública. No entanto, para os manifestantes e críticos, suas palavras ilustram um distanciamento dos problemas enfrentados pela população e uma tentativa de desencorajar a juventude a se manifestar.

Anibal, que concorre a uma vaga na Assembleia da República, tem sido cada vez mais vocal na defesa do governo, o que lhe trouxe apoio de alguns setores, mas também críticas intensas. Com as manifestações ainda em andamento, a polarização e as divergências entre o governo e a população parecem se acirrar, enquanto figuras públicas como Gil Anibal continuam a manifestar opiniões que geram debates sobre o papel dos protestos e da juventude no futuro democrático de Moçambique.

Redação: Índico News – Radar Magazine MZ®|| Fonte: Livenews48|| Imagem: Arquivo Radar
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