TENSÃO E VIOLÊNCIA EM MAPUTO: Polícia reprime manifestantes vitimando jovens e crianças


Maputo, Moçambique – Um dia marcado por graves relatos de repressão e violência policial tomou conta da capital moçambicana, onde manifestações contra o governo, alimentadas por alegações de fraude nas eleições de 9 de outubro, resultaram em confronto intenso entre a população e as forças de segurança. As denúncias são de violência extrema, com relatos de civis, incluindo jovens e crianças, entre as vítimas da repressão.

"Pais, não enviem os vossos filhos para morrerem na escola"

Um clima de apreensão e desespero tomou conta das famílias após informações de que estudantes, em horário escolar, estariam expostos ao uso excessivo de força policial, incluindo o disparo de balas de borracha e o lançamento de gás lacrimogêneo nas proximidades de escolas e terminais de transporte, especialmente em áreas periféricas como Boane Massaca. Muitos pais temem pela segurança dos seus filhos, enquanto as escolas, tanto públicas quanto privadas, continuam com atividades normais, expondo os alunos aos riscos dos confrontos.

Bairros Cercados e Jovens Detidos no Caminho para Maputo

A repressão policial foi intensa, principalmente em bairros como Maxaquene, Malhazine, Patrice Lumumba e Matola. Em Malhampswene, uma mulher foi atingida mortalmente, enquanto uma criança foi ferida, elevando o sentimento de indignação na população. Em Macia, um grupo de jovens que tentava chegar à capital vindo da Zambézia foi detido, impedindo sua participação nas manifestações.

Uso de Helicópteros Militares e Intimidação de Civis

A presença de helicópteros militares sobrevoando bairros periféricos como Maxaquene intensificou a atmosfera de intimidação e medo entre os moradores, aumentando o sentimento de insegurança. Relatos apontam que civis armados, supostamente ligados ao regime, estariam entrando em residências no bairro de Patrice Lumumba, o que levou moradores a classificar a ação como uma forma de "milícia" com o objetivo de suprimir as mobilizações.

Repressão Intensa e Denúncias de Sequestros

Além da repressão nas ruas, há denúncias de que professores, supostamente não alinhados ao partido FRELIMO nas últimas eleições, estariam sendo sequestrados pela polícia em áreas como Mugovolas, Nampula. As denúncias relatam intimidações contra civis considerados opositores, uma prática que vem sendo fortemente condenada por grupos de direitos humanos.

Comparação com Soweto e Cancelamento de Eventos Oficiais

Ativistas e líderes comunitários compararam as ações repressivas de hoje aos eventos trágicos de 16 de junho de 1976, em Soweto, onde estudantes protestaram contra o regime do apartheid. Em meio ao crescente descontentamento, o Presidente de Moçambique teria cancelado compromissos oficiais devido ao temor de manifestações populares, embora, para os estudantes, não houve alívio: muitos estão expostos às avaliações finais nas escolas, mesmo em meio aos protestos e ao clima de insegurança.

Apelo à Paz e à Proteção dos Direitos Humanos

Este dia turbulento expôs o nível de tensão em Moçambique, trazendo à tona graves questões de direitos humanos e a necessidade de um diálogo urgente entre governo e sociedade civil. Organizações locais e internacionais estão pressionando as autoridades moçambicanas para que respeitem o direito à manifestação pacífica, ao mesmo tempo em que se espera que a repressão excessiva ceda lugar a negociações que respeitem os valores democráticos do país.

Redação: Índico News – Radar Magazine MZ®|| Fonte: Quitéria Guirengane & CDD Moçambique|| 
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