O Tribunal Judicial da Província de Maputo autorizou a empresa Milhulamete a explorar 765.5 hectares de terra no município de Marracuene, abrindo caminho para a implementação de um ambicioso projeto habitacional. A decisão, no entanto, gera controvérsia, já que o plano prevê a demolição de várias construções erguidas por nativos ao longo dos anos, em terrenos agora considerados de ocupação ilegal.
A Milhulamete declarou que todas as construções sem permissão serão removidas, com a justificativa de que essas ocupações violam a legislação vigente. Para muitos dos residentes, contudo, a notícia chega como um duro golpe. Durante anos, famílias sacrificaram seus recursos e esforços para levantar suas moradias, muitas vezes em áreas que consideravam seguras ou adquiridas por herança.
O governo tem sido criticado por não reconhecer a luta e o esforço dessas populações, que, sem alternativas formais de acesso à terra, viram-se obrigadas a construir em áreas que agora estão em disputa. Para muitos moradores, a decisão de demolir suas casas representa não apenas a perda de um bem material, mas o fim de um sonho conquistado com muito sacrifício.
O projeto habitacional em Marracuene destaca o contínuo conflito entre a expansão urbana e os direitos das populações locais, levantando questões sobre justiça social e acesso à terra em Moçambique.